Deixando de
corrigir os valores pela inflação, passou-se a afirmar que não haveria
mais miseráveis no Brasil. No entanto, segundo cálculo do IPCA, referido
pela Folha de São Paulo, os preços subiram em média 10,8%.,
afetando a capacidade de consumo e subsistência. Porém, isto,
curiosamente, não ocasionou um reajuste na definição do limite para a
pobreza ou "linha de miséria" - iniciado, em 2011, em R$70,00 por
pessoa.
Isto é
interessante quando se nota que Dilma definiu como promessa erradicar a
miséria até o próximo ano, quando ocorrerão as eleições. Além disso, não
faltam críticas quanto ao valor - já considerado baixo, mesmo caso
fosse reajustado. De fato, pode-se imaginar os malabarismos necessários
para que se sobreviva com pouco mais que R$1,00 por dia.
À parte o
caráter questionável e frequentemente debatido, socialmente, de tais
programas sociais, a falibilidade de tal assistencialismo parece
evidente.
Caso o valor
fosse corrigido, o número de "declarados" miseráveis subiria de 0 para
22,3 milhões pessoas - mais de 10% da população do país. Outro dado é
interessante: os brasileiros "salvos" da miséria pelo Bolsa Família
constantes do limiar, como alegado pelo Governo, teriam recebido apenas
apenas R$7,50 a mais por mês - ou R$0,25 a mais por dia. Teria sido tal
mudança relevante em suas vidas? Não esqueçamos de 700 mil pessoas em
estado miserável que nem mesmo constam dos cadastros oficiais.
Na hipótese de
se considerar 2009 como o início do valor de R$70,00 (quando ocorreu o
decreto definindo-o), seriam mais de 27 milhões em estado de miséria,
ajustando-se o valor. Até que ponto a ausência de reajuste é dolosa? Por
que tais valores não foram reajustados? Serão reajustados algum dia?
Tendo isto em
vista, parece que certos setores do Governo de fato descobriram a
solução definitiva para a miséria, conseguindo cumprir suas promessas: a
manipulação descarada de estatísticas.
Caio Barbosa
Folha Política
Com informações de Folha de S. Paulo
Folha Política
Com informações de Folha de S. Paulo
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